Já havia visto Lucélia Santos na televisão, achei-a uma atriz comum, mais um rostinho bonito. Mas, quando vi o filme “Engraçadinha”, de 1981, tomei um baque, sai do cinema, meio perplexo, pensei comigo mesmo, não é só um rostinho bonito. Além de beleza e talento, Lucélia tem também muita coragem, pois encarar aquela personagem não é para qualquer um, tem que ter dentro do sangue, a vontade de interpretar, de entregar sua alma e seu corpo á um trabalho e deixar seu público extasiado. Fiquei impressionado com a força de interpretação daquela menina, que, assim como Peter Pan, não quer envelhecer. Vi Lucélia no Festival de Gramado(2004) e cheguei a esta conclusão: ela não quer, não pode e não deve envelhecer. Será para nós sempre aquela menina de Santo André, franzina, meiga, mas com um vigor invejável. Lucélia respira cinema , nasceu para o cinema, para frente e para atrás das câmeras, pois “Timor Lorosae” mostra também sua capacidade de dirigir. Enfim, uma atriz completa. Lucélia sempre foi de forte opinião, nunca se dobrou a quem quer que seja. Acredito que deva ter perdido muitas oportunidades por isso, mas sua transparência faz dela uma mulher única, que tem que ser respeitada.
Por e-mail (23/08/2004)
Lucélia no Cinema por Antônio Leão da Silva Neto
Pesquisador de Cinema e Autor dos livros “Astros e Estrelas do Cinema Brasileiro” e “Dicionário de Filmes Brasileiros”