“Lucélia Santos – Coragem Para Lutar”, obra escrita pelo jornalista Eduardo Meirelles, nos conta a trajetória política de uma consagrada atriz brasileira que ganhou o mundo pelo seu desempenho como protagonista da novela “Escrava Isaura”.O produto audiovisual mais vendido pela TV Globo e de maior sucesso no mundo todo.
Neste ano de 2022, Lucélia completa 50 anos de carreira. Com prefácio de José Genoíno, esta obra intrigante traz em seu corpo depoimentos de personalidades como Betina Viany, Cristina Pereira, Carlos Minc, Zezé Weiss, Ângela Mendes, Gomercindo Rodrigues, Sônia Guajajara, Luiza Erundina, Matheus Nachtergaele e Fernando Gabeira.
A história de vida de Lucélia se mescla com a história política deste e do século passado. A atriz esteve no front de diversos movimentos e batalhas políticas nos últimos 40 anos, desde as movimentações em defesa da Anistia aos presos políticos, as Diretas Já, o processo de surgimento da figura Luiz Inácio Lula da Silva, a fundação do Partido dos Trabalhadores e do Partido Verde, este último do qual teve protagonismo central em sua construção no período de redemocratização. Apesar de ter se projetado nacional e internacionalmente representando uma escrava na televisão, a Lucélia da vida real era uma mulher livre, e utilizou de sua liberdade, imagem e voz para lutar por aqueles que estavam sufocados pela ditadura militar que assolou o Brasil.
Seu ativismo é retratado em sua relação de amizade e companheirismo com Chico Mendes, e em sua luta pela preservação do meio-ambiente, da fauna, em defesa dos povos da floresta, os direitos e representatividade social das mulheres, dos LGBTQIA+, a luta contra o racismo e o trabalho escravo, contra a fome, pelo acesso à educação, saúde e qualidade de vida para todas as brasileiras e brasileiros, além de lutas na década de 80 que ainda eram tabus na sociedade, como o surgimento do HIV no Brasil, direito das prostitutas e o aleitamento materno.
O livro também conta como foi fundamental a relação de Lucélia como agente de construção de acordos bilaterais com a China que, à época, acabara de sair da Revolução Cultural e abria-se para o mundo capitalista. Foi peça chave para as primeiras construções de acordos comerciais e culturais entre Brasil e China que estão vigentes até os dias atuais, sendo a China, hoje, uma das maiores parceiras do Brasil no que tange o comércio exterior.
A obra narra ainda sua relação com Cuba, Fidel Castro, Daniel Ortega e seu empenho para denunciar ao mundo o massacre que ocorria no Timor Leste. Xanana Gusmão, primeiro presidente eleito democraticamente no Timor, deu lápis e papel para que Lucélia ajudasse a reescrever a história daquele país, que teve sua primeira constituição enquanto República democrática proclamada em 20 de maio de 2002, no mesmo dia do aniversário da atriz.