Tetê, o que te levou a convidar a atriz Lucélia Santos para ser a narradora dos seus premiados documentários? O que você destacaria como um dos pontos mais altos da sua dupla parceria com Lucélia?
Tinha grande admiração pela Lucélia como atriz e personalidade pública por sua postura humanitária e política. Conheci-a brevemente no início dos anos 80, quando trabalhei como jornalista no lançamento do filme “Engraçadinha”, de Haroldo Marinho Barbosa.
Anos depois quando estava filmando o TERRA PARA ROSE, na Fazenda Annoni, início do MST, encontrei Lucélia que lá tinha ido dar seu apoio aos “sem terra”, que haviam ocupado aquele latifúndio improdutivo e estavam cercados pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Era uma situação muito tensa.
Meses depois, já na fase de finalização do filme, senti que a melhor narradora seria Lucélia, como atriz admirável e ser humano generoso. Imediatamente aceitou dar o seu apoio ao filme. Fui buscá-la para gravar a narração na porta do Teatro João Caetano, pois ela estava fazendo a peça “Pluft o fantasminha”. Ficamos todos impressionados como ela pode, com tanta facilidade e rapidez, viajar entre o mundo encantado do personagem infantil e a dura realidade mostrada pelo filme. Sua interpretação foi calorosa e emocionante. De primeira, sem retoques.
Lucélia deu também o maior apoio na época do lançamento do filme. Ensinou-me a encarar uma câmera para dar entrevistas, fomos juntas à Brasília, São Paulo, Porto Alegre e fomos cultivando uma amizade.
Anos depois, quando fiz o SONHO DE ROSE, que foi filmado 10 anos depois das filmagens do TERRA, só podia pensar na Lucélia para fazer a narração.
O que destacaria nessa parceria com Lucélia: competência e afeto. Alegria e generosidade.
Tetê Moraes
Diretora e Produtora dos filmes documentários “TERRA PARA ROSE (1987) e O SONHO DE ROSE, 10 anos depois (2.000)
Por e-mail (27/10/2004)